Estudos sobre a colonização – Resenha de “O trato da perpétua tormenta: a conversão Kiriri nos sertões de dentro na América portuguesa”, de Ane Luíse Silva Mecenas Santos

Ane Luíse Silva Mecenas Santos, 2014 | Foto: Portal Unit

O livro O trato da perpétua tormenta: a conversão Kiriri nos sertões de dentro na América portuguesa foi publicado em 2020 pela editora Diário Oficial de Sergipe-Edise. A autora, Ane Luíse Silva Mecenas Santos, cursou licenciatura em História pela Universidade Federal de Sergipe (2005), é especialista em Ciências da Religião e possui bacharelado em História (2010), mestrado em História pelo Programa de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal da Paraíba (2011) e doutorado em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2017). Atualmente, faz o pós-doutoramento na Universidade Tiradentes/ UNIT, junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação, sendo bolsista PNPD-CAPES.

O livro é resultado de uma tese de doutorado que Santos concluiu no ano de 2017. Nessa obra, a autora traz relatos da criação dos aldeamentos e das missões indígenas no século XVII, na América portuguesa, assim como do crescimento da colonização e da amplitude da historiografia, envolvendo vários aspectos e abordagens sobre o tema. O livro fala da conversão dos povos indígenas Kiriri a partir das missões jesuítas, precisamente, no sertão, entre os Estados de Sergipe e Bahia, sobre as margens do rio São Francisco. O livro ainda traduz o processo cultural e evidencia o trabalho do padre jesuíta, o italiano Luigi Vincenzo Mamiani dela Rovere, que publicou duas obras ainda no período das missões: Catecismo da Doutrina Christã em Língua Brasílica da Naçam Kiriri (1699) e Arte de Gramática da Língua Brasílica da Naçam Kiriri (1698).

Mauro Dillmann, professor da Universidade Federal de Pelotas, apresenta a obra, destacando o fato de o livro comunicar “a voz” de grupos indígenas, em particular dos Kiriris, de lançar luzes sobre as consequências trágicas desses contatos para os povos indígenas, no passado e no presente. Dillmann também destaca a principal meta da obra: demonstrar que o trabalho de conversão desses povos indígenas da etnia Kiriri na América portuguesa dá a conhecer “o entendimento cristão da salvação da alma indígena” e o valor instrumental dos catecismos e gramáticas para “o conhecimento da língua indígena e o consequente sucesso da própria atividade missioneira” (p.17).

O livro está dividido em três capítulos: 1. “Na margem oposta do Atlântico: a experiência da Companhia de Jesus na conversão dos indígenas do sertão”; 2. “Nas margens do papel da oralidade Kiriri para o mundo da escrita”; e 3. “A travessia entre o pecado e a fé; a escrita jesuítica durante a povoação do sertão”.

No primeiro capítulo, a autora aborda e analisa a experiência dos missionários jesuítas sobre a conversão Kiriri por meio da criação dos aldeamentos. Como fontes documentais, emprega o acervo do arquivo ultramarino e da coleção dos documentos históricos da biblioteca nacional produzidos por autoridades coloniais, por missionários e colonos, dando enfoque à trama social do sertão da Bahia, especialmente, às negociações e conflitos ao longo do século XVII. A autora conclui que todas as aldeias indígenas Kiriri estavam associadas ao trabalho da catequese, empregando dialetos diversos. Reis e administradores que estavam encarregados a ocupar o sertão tinham a preocupação com o domínio da língua falada pelos Tapuia à qual poderia favorecer o contato para construir alianças e, consequentemente, criar vocabulários para que assim os missionários pudessem tratar da conversão dos nativos.

No segundo capítulo, Santos descreve as obras de Mamiani. Ela evidencia as escritas do velho mundo, discutindo o interesse de publicação dos textos que foram produzidos no processo de colonização dos indígenas do litoral e sertão do Brasil, além do papel dos tipógrafos e da legislação portuguesa que tinham como referência a circulação de livros da época e as informações trazidas nas obras do missionário jesuíta. Nesta parte, o interesse principal da autora recai sobre as fontes produzidas pelos religiosos, destacando as obras de gramática e catecismo, escritos por Mamiani – esses instrumentos que eram usados para a catequização tinham como base a tradição do universo cultural dos indígenas e a língua falada por eles.

No terceiro capítulo, a autora destaca informações de condutas que são condenáveis aos olhos dos cristãos para catequização dos índios Kiriri. Os escritos de Mamiani mostram os caminhos que deveriam ser adotados para construção das boas obras e, por meio deles, estabelecer quatro pontos que considerava fundamentais para combater os pecados que cometiam principalmente com invocação do demônio e do pecado da carne. O primeiro seria o abandono de festas e danças próprias dos Tapuia; o segundo era deixar de invocar demônios e acreditar na cura dos feiticeiros; o terceiro e o quarto pontos referem-se à dedicação à fé e aos mandamentos da lei de Deus para que assim pudessem combater os inimigos de suas almas.

Na recomendação desses males, somos brindados com descrições sobre atos, pensamentos e sentimentos que já experimentamos: “Mamiani reco­mendava benzer-se ao longo do dia, 471 chamar o nome de Jesus, 472 rezar pelo anjo de guarda, 473 ser batizado 474 e ser “borrifado por água benta”. A autora também trata do fechamento dessas purificações: as rezas. Afirma que, nos Diálogos, estava presente a questão: “Como havemos de rezar?”. Também estava presente a consequente resposta oferecida por Mamiani: “Há muitos modos, mas sobre tudo He bom rezar o Padre nosso, porque Jesus Christo ensinou esta oração aos seus discípulos. He bom também ki rezar a Ave Maria, ou a salve Rainha, pois assim nos ensinou a rezar a santa Igreja; para q a May de Deos interceda por nós para o seu Divi­no Filho”. (p.275-276).

Nota-se que Santos parte de relações que caracterizam o sertão e, por consequência, do interesse em discutir quem eram os Tapuia e quais papeis foram desempenhados na ocupação do sertão. “As descrições sobre esses Tapuia na documentação aparecem associadas a duas importantes ações da política metropolitana na colônia: o apresamento dos escravos nos mocambos a busca das minas de prata na serra de Itabaiana, na capitania de Sergipe”. (p.350).

Essa declaração de Santos revela que havia uma preocupação em manter os índios como aliados da coroa. Por meio da religião, essa meta é alcançada, uma vez que o processo de colonização se deveu muito mais às práticas religiosas dos jesuítas do que à parceria com a coroa portuguesa, presente em terras baianas e sergipanas.

Esse é o dos motivos pelos quais os interessados, assim como eu, devem ler o trabalho de Santos. Trata-se de livro importante para aprofundar o conhecimento sobre a história do local a que pertencemos.

Além desse fato, o livro se destaca pelo caráter instigante da leitura. Ele faz uma crítica sobre as práticas colonizadores portugueses, bem como sobre a ocupação do sertão a partir do aprisionamento e tomada de terras dos povos indígenas Kiriri. Ele deixa claro que a colonização foi mediada por contatos religiosos e cerceamento da liberdade de indígenas e negros. Da mesma forma, demonstra que o aprisionamento foi um processo que refletiu nas revoltas que se sucederam à incursão portuguesa nas terras indígenas no período da colonização brasileira.

Essas conclusões só foram possíveis com a minuciosa análise documental em arquivos brasileiros e europeus, fazendo cumprir a declaração de Basílio Magalhães que, em seu artigo na revista do IHGB, no ano de 1919, afirmava ser a conquista dos caminhos do sertão de dentro um capítulo da história da colônia. Dessa forma, diferentes agentes históricos, por meio de suas redes de parentescos, negociações conflitos e alianças construíram essa atividade social que se manteve entre os séculos XVII e XVIII. Essas práticas, provavelmente, viriam fortalecer o fenômeno do Coronelismo no Nordeste brasileiro.

É através dessa visão que a autora apresenta as especificidades das experiências sobre a catequização nos sertões junto aos nativos da América portuguesa. Com a leitura do seu texto, somos induzidos a crer que o evento foi marcado pelas dificuldades, alianças, conflitos e interesses trazidos para os setores da sociedade colonial que disputavam terras e almas. Também somos informados de que essa demanda não foi apenas um novo feitio de poder nos sertões, mas contribuiu para a elaboração de leis novas da metrópole além do conhecimento da natureza de pessoas de distintas regiões na produção das obras de catecismo e gramática para que fosse difundida a comunicação e informações na conversão dos grupos nativos com os quais tiveram contato.


Sumário de O trato da perpétua tormenta: a conversão Kiriri nos sertões de dentro na América portuguesa

  • “Advertências ao leytor”
  • 1. Na margem oposta do Atlântico: a experiência da Companhia de Jesus na conversão dos indígenas do sertão
      • A Companhia de Jesus e a colonização no sertão das Jacobinas
      • Política de povoação do sertão
      • A experiência da administração das aldeias do sertão
  • 2. Nas margens do papel da oralidade Kiriri para o mundo da escrita
      • Os interesses da coroa e a censura aos impressos
      • O mundo do papel: as mãos do impressor
      • Mundos que se encontram nas licenças
      • A experiência de Mamiani e a elaboração da Arte da Língua Kiriri
      • Advertências e dedicação à conversão
      • Obras lidas por Mamiani
  • 3. A travessia entre o pecado e a fé: a escrita jesuítica durante a povoação do sertão
      • O mundo
      • O diabo
      • A carne
      • As boas obras
  • Considerações Finais
  • Referências

Baixar gratuitamente a obra resenhada [Link]


Resenhista

Ruy Moisés Araujo Bispo – Mestrando em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe (Profhistória), professor da rede pública municipal de Tobias Barreto/SE e de Itapicuru/BA, Bolsista Capes. Escreveu: “História local e manual didático: o uso de sequências didáticas como proposta à aprendizagem histórica significativa na Educação Básica do Município de Itapicuru/BA – Notas de uma pesquisa em construção” e “A Escola Municipal de Ensino Fundamental: Iraildes Padilha Carvalho Vai ao Museu. E-mail: [email protected]


Para citar esta resenha

SANTOS, Ane Luíse Silva Mecenas. O trato da perpétua tormenta: a conversão Kiriri nos sertões de dentro na América portuguesa. Aracaju: Editora Diário Oficial de Sergipe – Edise, 2020. 384p. Resenha de: BISPO, Ruy Moisés Araujo. Estudos sobre a colonização. Crítica Historiográfica. Natal, v.1, n.1, set./out. 2021. Disponível em: https://www.criticahistoriografica.com.br/1532/

Baixar esta resenha em PDF


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisa/Search

Alertas/Alerts

Estudos sobre a colonização – Resenha de “O trato da perpétua tormenta: a conversão Kiriri nos sertões de dentro na América portuguesa”, de Ane Luíse Silva Mecenas Santos

Ane Luíse Silva Mecenas Santos, 2014 | Foto: Portal Unit

O livro O trato da perpétua tormenta: a conversão Kiriri nos sertões de dentro na América portuguesa foi publicado em 2020 pela editora Diário Oficial de Sergipe-Edise. A autora, Ane Luíse Silva Mecenas Santos, cursou licenciatura em História pela Universidade Federal de Sergipe (2005), é especialista em Ciências da Religião e possui bacharelado em História (2010), mestrado em História pelo Programa de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal da Paraíba (2011) e doutorado em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2017). Atualmente, faz o pós-doutoramento na Universidade Tiradentes/ UNIT, junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação, sendo bolsista PNPD-CAPES.

O livro é resultado de uma tese de doutorado que Santos concluiu no ano de 2017. Nessa obra, a autora traz relatos da criação dos aldeamentos e das missões indígenas no século XVII, na América portuguesa, assim como do crescimento da colonização e da amplitude da historiografia, envolvendo vários aspectos e abordagens sobre o tema. O livro fala da conversão dos povos indígenas Kiriri a partir das missões jesuítas, precisamente, no sertão, entre os Estados de Sergipe e Bahia, sobre as margens do rio São Francisco. O livro ainda traduz o processo cultural e evidencia o trabalho do padre jesuíta, o italiano Luigi Vincenzo Mamiani dela Rovere, que publicou duas obras ainda no período das missões: Catecismo da Doutrina Christã em Língua Brasílica da Naçam Kiriri (1699) e Arte de Gramática da Língua Brasílica da Naçam Kiriri (1698).

Mauro Dillmann, professor da Universidade Federal de Pelotas, apresenta a obra, destacando o fato de o livro comunicar “a voz” de grupos indígenas, em particular dos Kiriris, de lançar luzes sobre as consequências trágicas desses contatos para os povos indígenas, no passado e no presente. Dillmann também destaca a principal meta da obra: demonstrar que o trabalho de conversão desses povos indígenas da etnia Kiriri na América portuguesa dá a conhecer “o entendimento cristão da salvação da alma indígena” e o valor instrumental dos catecismos e gramáticas para “o conhecimento da língua indígena e o consequente sucesso da própria atividade missioneira” (p.17).

O livro está dividido em três capítulos: 1. “Na margem oposta do Atlântico: a experiência da Companhia de Jesus na conversão dos indígenas do sertão”; 2. “Nas margens do papel da oralidade Kiriri para o mundo da escrita”; e 3. “A travessia entre o pecado e a fé; a escrita jesuítica durante a povoação do sertão”.

No primeiro capítulo, a autora aborda e analisa a experiência dos missionários jesuítas sobre a conversão Kiriri por meio da criação dos aldeamentos. Como fontes documentais, emprega o acervo do arquivo ultramarino e da coleção dos documentos históricos da biblioteca nacional produzidos por autoridades coloniais, por missionários e colonos, dando enfoque à trama social do sertão da Bahia, especialmente, às negociações e conflitos ao longo do século XVII. A autora conclui que todas as aldeias indígenas Kiriri estavam associadas ao trabalho da catequese, empregando dialetos diversos. Reis e administradores que estavam encarregados a ocupar o sertão tinham a preocupação com o domínio da língua falada pelos Tapuia à qual poderia favorecer o contato para construir alianças e, consequentemente, criar vocabulários para que assim os missionários pudessem tratar da conversão dos nativos.

No segundo capítulo, Santos descreve as obras de Mamiani. Ela evidencia as escritas do velho mundo, discutindo o interesse de publicação dos textos que foram produzidos no processo de colonização dos indígenas do litoral e sertão do Brasil, além do papel dos tipógrafos e da legislação portuguesa que tinham como referência a circulação de livros da época e as informações trazidas nas obras do missionário jesuíta. Nesta parte, o interesse principal da autora recai sobre as fontes produzidas pelos religiosos, destacando as obras de gramática e catecismo, escritos por Mamiani – esses instrumentos que eram usados para a catequização tinham como base a tradição do universo cultural dos indígenas e a língua falada por eles.

No terceiro capítulo, a autora destaca informações de condutas que são condenáveis aos olhos dos cristãos para catequização dos índios Kiriri. Os escritos de Mamiani mostram os caminhos que deveriam ser adotados para construção das boas obras e, por meio deles, estabelecer quatro pontos que considerava fundamentais para combater os pecados que cometiam principalmente com invocação do demônio e do pecado da carne. O primeiro seria o abandono de festas e danças próprias dos Tapuia; o segundo era deixar de invocar demônios e acreditar na cura dos feiticeiros; o terceiro e o quarto pontos referem-se à dedicação à fé e aos mandamentos da lei de Deus para que assim pudessem combater os inimigos de suas almas.

Na recomendação desses males, somos brindados com descrições sobre atos, pensamentos e sentimentos que já experimentamos: “Mamiani reco­mendava benzer-se ao longo do dia, 471 chamar o nome de Jesus, 472 rezar pelo anjo de guarda, 473 ser batizado 474 e ser “borrifado por água benta”. A autora também trata do fechamento dessas purificações: as rezas. Afirma que, nos Diálogos, estava presente a questão: “Como havemos de rezar?”. Também estava presente a consequente resposta oferecida por Mamiani: “Há muitos modos, mas sobre tudo He bom rezar o Padre nosso, porque Jesus Christo ensinou esta oração aos seus discípulos. He bom também ki rezar a Ave Maria, ou a salve Rainha, pois assim nos ensinou a rezar a santa Igreja; para q a May de Deos interceda por nós para o seu Divi­no Filho”. (p.275-276).

Nota-se que Santos parte de relações que caracterizam o sertão e, por consequência, do interesse em discutir quem eram os Tapuia e quais papeis foram desempenhados na ocupação do sertão. “As descrições sobre esses Tapuia na documentação aparecem associadas a duas importantes ações da política metropolitana na colônia: o apresamento dos escravos nos mocambos a busca das minas de prata na serra de Itabaiana, na capitania de Sergipe”. (p.350).

Essa declaração de Santos revela que havia uma preocupação em manter os índios como aliados da coroa. Por meio da religião, essa meta é alcançada, uma vez que o processo de colonização se deveu muito mais às práticas religiosas dos jesuítas do que à parceria com a coroa portuguesa, presente em terras baianas e sergipanas.

Esse é o dos motivos pelos quais os interessados, assim como eu, devem ler o trabalho de Santos. Trata-se de livro importante para aprofundar o conhecimento sobre a história do local a que pertencemos.

Além desse fato, o livro se destaca pelo caráter instigante da leitura. Ele faz uma crítica sobre as práticas colonizadores portugueses, bem como sobre a ocupação do sertão a partir do aprisionamento e tomada de terras dos povos indígenas Kiriri. Ele deixa claro que a colonização foi mediada por contatos religiosos e cerceamento da liberdade de indígenas e negros. Da mesma forma, demonstra que o aprisionamento foi um processo que refletiu nas revoltas que se sucederam à incursão portuguesa nas terras indígenas no período da colonização brasileira.

Essas conclusões só foram possíveis com a minuciosa análise documental em arquivos brasileiros e europeus, fazendo cumprir a declaração de Basílio Magalhães que, em seu artigo na revista do IHGB, no ano de 1919, afirmava ser a conquista dos caminhos do sertão de dentro um capítulo da história da colônia. Dessa forma, diferentes agentes históricos, por meio de suas redes de parentescos, negociações conflitos e alianças construíram essa atividade social que se manteve entre os séculos XVII e XVIII. Essas práticas, provavelmente, viriam fortalecer o fenômeno do Coronelismo no Nordeste brasileiro.

É através dessa visão que a autora apresenta as especificidades das experiências sobre a catequização nos sertões junto aos nativos da América portuguesa. Com a leitura do seu texto, somos induzidos a crer que o evento foi marcado pelas dificuldades, alianças, conflitos e interesses trazidos para os setores da sociedade colonial que disputavam terras e almas. Também somos informados de que essa demanda não foi apenas um novo feitio de poder nos sertões, mas contribuiu para a elaboração de leis novas da metrópole além do conhecimento da natureza de pessoas de distintas regiões na produção das obras de catecismo e gramática para que fosse difundida a comunicação e informações na conversão dos grupos nativos com os quais tiveram contato.


Sumário de O trato da perpétua tormenta: a conversão Kiriri nos sertões de dentro na América portuguesa

  • “Advertências ao leytor”
  • 1. Na margem oposta do Atlântico: a experiência da Companhia de Jesus na conversão dos indígenas do sertão
      • A Companhia de Jesus e a colonização no sertão das Jacobinas
      • Política de povoação do sertão
      • A experiência da administração das aldeias do sertão
  • 2. Nas margens do papel da oralidade Kiriri para o mundo da escrita
      • Os interesses da coroa e a censura aos impressos
      • O mundo do papel: as mãos do impressor
      • Mundos que se encontram nas licenças
      • A experiência de Mamiani e a elaboração da Arte da Língua Kiriri
      • Advertências e dedicação à conversão
      • Obras lidas por Mamiani
  • 3. A travessia entre o pecado e a fé: a escrita jesuítica durante a povoação do sertão
      • O mundo
      • O diabo
      • A carne
      • As boas obras
  • Considerações Finais
  • Referências

Baixar gratuitamente a obra resenhada [Link]


Resenhista

Ruy Moisés Araujo Bispo – Mestrando em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe (Profhistória), professor da rede pública municipal de Tobias Barreto/SE e de Itapicuru/BA, Bolsista Capes. Escreveu: “História local e manual didático: o uso de sequências didáticas como proposta à aprendizagem histórica significativa na Educação Básica do Município de Itapicuru/BA – Notas de uma pesquisa em construção” e “A Escola Municipal de Ensino Fundamental: Iraildes Padilha Carvalho Vai ao Museu. E-mail: [email protected]


Para citar esta resenha

SANTOS, Ane Luíse Silva Mecenas. O trato da perpétua tormenta: a conversão Kiriri nos sertões de dentro na América portuguesa. Aracaju: Editora Diário Oficial de Sergipe – Edise, 2020. 384p. Resenha de: BISPO, Ruy Moisés Araujo. Estudos sobre a colonização. Crítica Historiográfica. Natal, v.1, n.1, set./out. 2021. Disponível em: https://www.criticahistoriografica.com.br/1532/

Baixar esta resenha em PDF


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Resenhistas

Privacidade

Ao se inscrever nesta lista de e-mails, você estará sujeito à nossa política de privacidade.

Acesso livre

Crítica Historiográfica não cobra taxas para submissão, publicação ou uso dos artigos. Os leitores podem baixar, copiar, distribuir, imprimir os textos para fins não comerciais, desde que citem a fonte.

Foco e escopo

Publicamos resenhas de livros e de dossiês de artigos de revistas acadêmicas que tratem da reflexão, investigação, comunicação e/ou consumo da escrita da História. Saiba mais sobre o único periódico de História inteiramente dedicado à Crítica em formato resenha.

Corpo editorial

Somos professore(a)s do ensino superior brasileiro, especializado(a)s em mais de duas dezenas de áreas relacionadas à reflexão, produção e usos da História. Faça parte dessa equipe.

Submissões

As resenhas devem expressar avaliações de livros ou de dossiês de revistas acadêmicas autodesignadas como "de História". Conheça as normas e envie-nos o seu texto.

Pesquisa


Enviar mensagem de WhatsApp