Desastre do Antropoceno – Resenha de Renato Natan Ferreira Souza (CAAPA/Uneb) sobre o livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, de Ailton Krenak

Ailton Krenak | Foto: Neto Gonçalves/Companhia das Letras/Amazônia Real

Resumo: Ideias para adiar o fim do mundo é um livro escrito por Ailton Krenak, que aborda a relação entre a humanidade e o meio ambiente. O livro é dividido em dois capítulos principais: “Do sonho e da terra” e “A humanidade que pensamos ser”, onde o autor explora a importância da relação harmoniosa entre os seres humanos e a natureza, o impacto da exploração excessiva e da poluição na degradação do meio ambiente, o modelo econômico atual e a necessidade de repensar a relação entre a humanidade e o meio ambiente.

Palavras-chave: Fim do Mundo, Humanidade, Povos Indígenas.


Ideias para Adiar o Fim do Mundo é um livro escrito por Ailton Krenak e publicado pela editora Companhia das Letras em 2020. Krenak é conhecido por sua luta em defesa dos direitos dos povos indígenas na Assembleia Nacional Constituinte de 1987, além de ser o idealizador da Aliança dos Povos da Floresta” e ter contribuído para a criação da União das Nações Indígenas (UNI).

Nascido em Minas Gerais, na região do Vale do Rio Doce, Krenak é um ambientalista e escritor que critica a concepção de humanidade como algo separado da natureza. Esta é a base de sua denúncia sobre os problemas socioambientais que estamos enfrentando na era geológica atual, o Antropoceno.

Além deste livro, Krenak é autor de outras obras, como O Lugar onde a Terra Descansa (2000), A Vida Não é Útil (2020), O Amanhã Não Está à Venda (2020), Lugares de Origem (2021), O Sistema e o Antissistema: Três Ensaios, Três Mundos no Mesmo Mundo (2021) e O Futuro Ancestral (2022). Ele também é reconhecido por suas contribuições a documentários e no filme “Ailton Krenak e o Sonho da Pedra” (2017).

A ideia para a construção do livro surgiu em 2017 e 2019, quando Krenak foi convidado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castros para dar duas palestras e uma entrevista em Lisboa, Portugal. As transcrições dessas falas foram reunidas e divididas em três capítulos.

No capítulo intitulado “A Concepção de Humanidade e sua Relação com a Natureza”, o Krenak aborda a discussão sobre a concepção de humanidade e sua relação com a natureza. Ele questiona como a ideia de humanidade foi construída ao longo dos últimos milênios. O autor refuta a ideologia eurocêntrica do conceito de humanidade, que defende a supremacia de que uma humanidade “esclarecida” sobre “humanidades obscurecidas”.

Ele critica o atual modelo de preservação e sustentabilidade, denunciando a contribuição de agências internacionais como a ONU, a OEA e a UNESCO para a alienação da sociedade. O ativista indígena aponta a dificuldade de criar uma reserva da biosfera no Brasil como exemplo dessa crítica. Segundo ele, o modelo atual só preserva uma parte do território, e é esse pedaço de planeta que precisamos deixar para as próximas gerações.

O ambientalista destaca a resistência das comunidades indígenas ao roteiro opressor da “civilização” desde sua chegada ao continente americano. Ele afirma que a resistência é resultado da ligação dessas comunidades com a natureza, o que as inspira a contar mais histórias, dançar mais e ensinar mais sobre a natureza do que aprenderam.

Na modernidade, o autor declara, os indivíduos que viviam no campo e na floresta foram expropriados de suas terras e levados para as áreas periféricas das grandes cidades, para trabalharem como mão-de-obra do “liquidificador chamado humanidade”. Isso descaracterizou sua identidade, em detrimento de um processo civilizatório continuado e apoiado por grandes corporações.

O vínculo entre humanidade e natureza é o ponto de partida para o segundo capítulo, que trata da relação entre o Estado e as comunidades tradicionais, sob a perspectiva do povo Krenak. Nesta seção, o especialista discute os impactos humanos na terra e as consequências para as culturas que a enxergam como uma fonte de recursos. Ele também reforça a importância do conceito de pertencimento e de como o afastamento dos lugares de origem e identidade ancestral pode impedir o estabelecimento de ligações entre as comunidades.

De acordo com o autor, a luta contra o Estado tem sido travada desde a Constituição de 1988, que reconheceu os direitos das comunidades tradicionais. No entanto, a Carta Magna ainda é ineficaz na proteção desses direitos e na salvaguarda do modo de vida dessas populações. O principal conflito entre os povos originários e o Estado gira em torno da reivindicação por um espaço de terra fértil e próspero, capaz de suprir as necessidades básicas das gerações presentes e futuras.

Vivemos uma fase grotesca do capitalismo, mas não acho que estamos em uma crise que vai diminuir a potência dele. O capitalismo tem produzido uma mudança em si mesmo porque não fomos capazes de produzir uma mudança fora. Ele vai destruir o mundo do trabalho como conhecemos, e vai dispensar a ideia de população. Essa, para mim, é a próxima missão do capitalismo: se livrar de ao menos metade da população do planeta. (Krenak, 31 dez. 2020. Entrevista à Carta Capital).

Ailton Krenak em discurso durante a Constituinte de 1988 I | Imagem: Carta Capital

De acordo com Krenak, nós estamos sendo forçados a viver em um “vazio cósmico” sem sentido, que nos afasta da natureza e nos faz acreditar que a humanidade e a natureza são entidades distintas, em vez de complementares, como pensam as comunidades tradicionais.

No terceiro capítulo, o autor retoma a discussão sobre a concepção de ser humano e argumenta que estamos acostumados a ver o mundo e a humanidade de uma única perspectiva. Para Krenak, a ideia fixa de paisagem da Terra e da humanidade é resultado do Antropoceno, e o fim do mundo nada mais é do que uma interrupção do estado de conforto que não queremos perder. Diante disso, ele questiona “por que tanto medo da queda?” e afirma que já caímos diversas vezes, mas continuamos com medo e insegurança. A solução, segundo ele, é criar “paraquedas” e criticar a atuação da ciência e do sistema jurídico, já que muitos cientistas foram cooptados por grandes corporações para trabalhar na “máquina” que transforma a natureza em “mercadoria”.

O texto do capítulo também aborda o avanço da medicina na cura de diversas doenças, mas questiona o monopólio do conhecimento mantido por alguns laboratórios, que antecipam a publicação de suas descobertas em prol de um mercado manipulado. De acordo com o autor, essa situação limita a liberdade da humanidade. O pesquisador argumenta que nós coexistimos com uma metáfora da natureza e que, por mais de 500 anos, as comunidades foram consideradas “quase-humanos” e excluídas de seus espaços, o que resultou na desigualdade social e no silenciamento de sua cultura.

O objetivo do livro, como vimos, foi o de apresentar a perspectiva das comunidades indígenas sobre a relação de seu modo de vida com a natureza, estimulando a reflexão sobre o “mito da sustentabilidade” e como as grandes corporações se aproveitam desse conceito para justificar os constantes danos à natureza e impor sua visão de humanidade. Ao cumprir a meta, a obra transforma-se numa importante fonte teórica e empírica para pesquisadores que trabalham com temas de sustentabilidade e comunidades tradicionais.

No entanto, o livro apresenta algumas limitações, como a ausência de uma introdução clara e a conclusão explícita. Apesar disso, a obra merece destaque no discurso acadêmico e político, já que, por mais de 500 anos, os povos originários lutam contra a opressão, violência, epidemias e o constante fim de mundo, desde o contato com a chamada civilização.

Sumário de Ideias para adiar o fim do mundo

  • Ideias para adiar o fim do mundo
  • Do sonho e da terra
  • A humanidade que pensamos ser
  • Posfácio – Perguntas inquietantes | Eduardo Viveiros de Castro
  • Agradecimentos
  • Referências
  • Sobre este livro
  • Sobre o autor

Para ampliar a sua revisão da literatura

Referências Bibliográficas da Obra

BAHIANA, Ana Maria. “Transformamos os pobres em consumidores e não em cidadãos, diz Mujica”. BBC News Brasil, 21 dez. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46624102>. Acesso em: 10 maio 2019.

CASTRO, Eduardo Viveiros de. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Ubu, 2017.

GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Trad. de Sergio Faraco. São Paulo: L&PM, 2010.

GALEANO, Eduardo. Memória do fogo. Trad. de Eric Nepomuceno. São Paulo: L&PM, 2013.

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: Palavras de um xamã yanomami. Trad. de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

SANTOS, Boaventura de Sousa. “Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes”. Novos Estudos Cebrap. São Paulo, n.79, nov. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002007000300004>. Acesso em: 10 maio 2019.

CASTRO, Eduardo Viveiros de. Os involuntários da pátria. Conferência de abertura do ciclo Questões indígenas no Teatro Maria Matos, em Lisboa. Disponível em: <https://www.arquivoteatromariamatos.pt/explorar/conferencia-de-eduardo-viveiros-de-castro/>. Acesso em: 10 maio 2019.

AILTON Krenak e o sonho da pedra. Direção e roteiro: Marco Altberg. Produção: Bárbara Gual e Marcelo Goulart. Rio de Janeiro, 2017. 52 min. Documentário.


Resenhista

Renato Natan Ferreira Souza é bacharel em Arqueologia (Uneb), arqueólogo/pesquisador do Centro de Arqueologia e Antropologia de Paulo Afonso (CAAPA) e metrando no Programa de Pós-Graduação em Estudos Africanos, Povos Indígenas e Culturas Negras da Universidade do Estado da Bahia (PPGEAFIN/Uneb). Publicou, entre outros trabalhos, Análise Polínica atual de espécies de Fabáceas coletadas no Sítio Arqueológico CAAPA na região de Malhada Grande, Paulo Afonso, Bahia Brasil, os textos de apresentação da Revista Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação – nº14 e 15, os trabalhos gráficos da Revista Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação – números 11, 12, 13, 14 e 15. Redes sociais: @renato.natan (instagram) @redmagebaekhae (twitter); ID LATES: http://lattes.cnpq.br/4431619841577516; ID ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2002-7502; E-mail: [email protected].


Para citar esta resenha

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. 101p. Resenha de: SOUZA, Renato Natan Ferreira. O desastre do Antropoceno. Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n.10, mar./abr., 2023. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/o-desastre-do-antropoceno-resenha-de-ideias-para-adiar-o-fim-do-mundo-de-ailton-krenak/>. DOI: 10.29327/254374.3.10-6


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n. 10, mar./abr., 2023 | ISSN 2764-2666

 

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Desastre do Antropoceno – Resenha de Renato Natan Ferreira Souza (CAAPA/Uneb) sobre o livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, de Ailton Krenak

Ailton Krenak | Foto: Neto Gonçalves/Companhia das Letras/Amazônia Real

Resumo: Ideias para adiar o fim do mundo é um livro escrito por Ailton Krenak, que aborda a relação entre a humanidade e o meio ambiente. O livro é dividido em dois capítulos principais: “Do sonho e da terra” e “A humanidade que pensamos ser”, onde o autor explora a importância da relação harmoniosa entre os seres humanos e a natureza, o impacto da exploração excessiva e da poluição na degradação do meio ambiente, o modelo econômico atual e a necessidade de repensar a relação entre a humanidade e o meio ambiente.

Palavras-chave: Fim do Mundo, Humanidade, Povos Indígenas.


Ideias para Adiar o Fim do Mundo é um livro escrito por Ailton Krenak e publicado pela editora Companhia das Letras em 2020. Krenak é conhecido por sua luta em defesa dos direitos dos povos indígenas na Assembleia Nacional Constituinte de 1987, além de ser o idealizador da Aliança dos Povos da Floresta” e ter contribuído para a criação da União das Nações Indígenas (UNI).

Nascido em Minas Gerais, na região do Vale do Rio Doce, Krenak é um ambientalista e escritor que critica a concepção de humanidade como algo separado da natureza. Esta é a base de sua denúncia sobre os problemas socioambientais que estamos enfrentando na era geológica atual, o Antropoceno.

Além deste livro, Krenak é autor de outras obras, como O Lugar onde a Terra Descansa (2000), A Vida Não é Útil (2020), O Amanhã Não Está à Venda (2020), Lugares de Origem (2021), O Sistema e o Antissistema: Três Ensaios, Três Mundos no Mesmo Mundo (2021) e O Futuro Ancestral (2022). Ele também é reconhecido por suas contribuições a documentários e no filme “Ailton Krenak e o Sonho da Pedra” (2017).

A ideia para a construção do livro surgiu em 2017 e 2019, quando Krenak foi convidado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castros para dar duas palestras e uma entrevista em Lisboa, Portugal. As transcrições dessas falas foram reunidas e divididas em três capítulos.

No capítulo intitulado “A Concepção de Humanidade e sua Relação com a Natureza”, o Krenak aborda a discussão sobre a concepção de humanidade e sua relação com a natureza. Ele questiona como a ideia de humanidade foi construída ao longo dos últimos milênios. O autor refuta a ideologia eurocêntrica do conceito de humanidade, que defende a supremacia de que uma humanidade “esclarecida” sobre “humanidades obscurecidas”.

Ele critica o atual modelo de preservação e sustentabilidade, denunciando a contribuição de agências internacionais como a ONU, a OEA e a UNESCO para a alienação da sociedade. O ativista indígena aponta a dificuldade de criar uma reserva da biosfera no Brasil como exemplo dessa crítica. Segundo ele, o modelo atual só preserva uma parte do território, e é esse pedaço de planeta que precisamos deixar para as próximas gerações.

O ambientalista destaca a resistência das comunidades indígenas ao roteiro opressor da “civilização” desde sua chegada ao continente americano. Ele afirma que a resistência é resultado da ligação dessas comunidades com a natureza, o que as inspira a contar mais histórias, dançar mais e ensinar mais sobre a natureza do que aprenderam.

Na modernidade, o autor declara, os indivíduos que viviam no campo e na floresta foram expropriados de suas terras e levados para as áreas periféricas das grandes cidades, para trabalharem como mão-de-obra do “liquidificador chamado humanidade”. Isso descaracterizou sua identidade, em detrimento de um processo civilizatório continuado e apoiado por grandes corporações.

O vínculo entre humanidade e natureza é o ponto de partida para o segundo capítulo, que trata da relação entre o Estado e as comunidades tradicionais, sob a perspectiva do povo Krenak. Nesta seção, o especialista discute os impactos humanos na terra e as consequências para as culturas que a enxergam como uma fonte de recursos. Ele também reforça a importância do conceito de pertencimento e de como o afastamento dos lugares de origem e identidade ancestral pode impedir o estabelecimento de ligações entre as comunidades.

De acordo com o autor, a luta contra o Estado tem sido travada desde a Constituição de 1988, que reconheceu os direitos das comunidades tradicionais. No entanto, a Carta Magna ainda é ineficaz na proteção desses direitos e na salvaguarda do modo de vida dessas populações. O principal conflito entre os povos originários e o Estado gira em torno da reivindicação por um espaço de terra fértil e próspero, capaz de suprir as necessidades básicas das gerações presentes e futuras.

Vivemos uma fase grotesca do capitalismo, mas não acho que estamos em uma crise que vai diminuir a potência dele. O capitalismo tem produzido uma mudança em si mesmo porque não fomos capazes de produzir uma mudança fora. Ele vai destruir o mundo do trabalho como conhecemos, e vai dispensar a ideia de população. Essa, para mim, é a próxima missão do capitalismo: se livrar de ao menos metade da população do planeta. (Krenak, 31 dez. 2020. Entrevista à Carta Capital).

Ailton Krenak em discurso durante a Constituinte de 1988 I | Imagem: Carta Capital

De acordo com Krenak, nós estamos sendo forçados a viver em um “vazio cósmico” sem sentido, que nos afasta da natureza e nos faz acreditar que a humanidade e a natureza são entidades distintas, em vez de complementares, como pensam as comunidades tradicionais.

No terceiro capítulo, o autor retoma a discussão sobre a concepção de ser humano e argumenta que estamos acostumados a ver o mundo e a humanidade de uma única perspectiva. Para Krenak, a ideia fixa de paisagem da Terra e da humanidade é resultado do Antropoceno, e o fim do mundo nada mais é do que uma interrupção do estado de conforto que não queremos perder. Diante disso, ele questiona “por que tanto medo da queda?” e afirma que já caímos diversas vezes, mas continuamos com medo e insegurança. A solução, segundo ele, é criar “paraquedas” e criticar a atuação da ciência e do sistema jurídico, já que muitos cientistas foram cooptados por grandes corporações para trabalhar na “máquina” que transforma a natureza em “mercadoria”.

O texto do capítulo também aborda o avanço da medicina na cura de diversas doenças, mas questiona o monopólio do conhecimento mantido por alguns laboratórios, que antecipam a publicação de suas descobertas em prol de um mercado manipulado. De acordo com o autor, essa situação limita a liberdade da humanidade. O pesquisador argumenta que nós coexistimos com uma metáfora da natureza e que, por mais de 500 anos, as comunidades foram consideradas “quase-humanos” e excluídas de seus espaços, o que resultou na desigualdade social e no silenciamento de sua cultura.

O objetivo do livro, como vimos, foi o de apresentar a perspectiva das comunidades indígenas sobre a relação de seu modo de vida com a natureza, estimulando a reflexão sobre o “mito da sustentabilidade” e como as grandes corporações se aproveitam desse conceito para justificar os constantes danos à natureza e impor sua visão de humanidade. Ao cumprir a meta, a obra transforma-se numa importante fonte teórica e empírica para pesquisadores que trabalham com temas de sustentabilidade e comunidades tradicionais.

No entanto, o livro apresenta algumas limitações, como a ausência de uma introdução clara e a conclusão explícita. Apesar disso, a obra merece destaque no discurso acadêmico e político, já que, por mais de 500 anos, os povos originários lutam contra a opressão, violência, epidemias e o constante fim de mundo, desde o contato com a chamada civilização.

Sumário de Ideias para adiar o fim do mundo

  • Ideias para adiar o fim do mundo
  • Do sonho e da terra
  • A humanidade que pensamos ser
  • Posfácio – Perguntas inquietantes | Eduardo Viveiros de Castro
  • Agradecimentos
  • Referências
  • Sobre este livro
  • Sobre o autor

Para ampliar a sua revisão da literatura

Referências Bibliográficas da Obra

BAHIANA, Ana Maria. “Transformamos os pobres em consumidores e não em cidadãos, diz Mujica”. BBC News Brasil, 21 dez. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46624102>. Acesso em: 10 maio 2019.

CASTRO, Eduardo Viveiros de. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Ubu, 2017.

GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Trad. de Sergio Faraco. São Paulo: L&PM, 2010.

GALEANO, Eduardo. Memória do fogo. Trad. de Eric Nepomuceno. São Paulo: L&PM, 2013.

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: Palavras de um xamã yanomami. Trad. de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

SANTOS, Boaventura de Sousa. “Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes”. Novos Estudos Cebrap. São Paulo, n.79, nov. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002007000300004>. Acesso em: 10 maio 2019.

CASTRO, Eduardo Viveiros de. Os involuntários da pátria. Conferência de abertura do ciclo Questões indígenas no Teatro Maria Matos, em Lisboa. Disponível em: <https://www.arquivoteatromariamatos.pt/explorar/conferencia-de-eduardo-viveiros-de-castro/>. Acesso em: 10 maio 2019.

AILTON Krenak e o sonho da pedra. Direção e roteiro: Marco Altberg. Produção: Bárbara Gual e Marcelo Goulart. Rio de Janeiro, 2017. 52 min. Documentário.


Resenhista

Renato Natan Ferreira Souza é bacharel em Arqueologia (Uneb), arqueólogo/pesquisador do Centro de Arqueologia e Antropologia de Paulo Afonso (CAAPA) e metrando no Programa de Pós-Graduação em Estudos Africanos, Povos Indígenas e Culturas Negras da Universidade do Estado da Bahia (PPGEAFIN/Uneb). Publicou, entre outros trabalhos, Análise Polínica atual de espécies de Fabáceas coletadas no Sítio Arqueológico CAAPA na região de Malhada Grande, Paulo Afonso, Bahia Brasil, os textos de apresentação da Revista Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação – nº14 e 15, os trabalhos gráficos da Revista Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação – números 11, 12, 13, 14 e 15. Redes sociais: @renato.natan (instagram) @redmagebaekhae (twitter); ID LATES: http://lattes.cnpq.br/4431619841577516; ID ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2002-7502; E-mail: [email protected].


Para citar esta resenha

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. 101p. Resenha de: SOUZA, Renato Natan Ferreira. O desastre do Antropoceno. Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n.10, mar./abr., 2023. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/o-desastre-do-antropoceno-resenha-de-ideias-para-adiar-o-fim-do-mundo-de-ailton-krenak/>. DOI: 10.29327/254374.3.10-6


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n. 10, mar./abr., 2023 | ISSN 2764-2666

 

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