Mulher na luta – Resenha de Moisés Santos Reis Amaral (SED/Fátima-BA) sobre o livro “Maria Bonita, a rainha do cangaço: sua biografia” é de autoria de João de Souza Lima

João de Souza Lima | Imagem: Tribuna Mulungu

Resumo: A obra “Maria Bonita, a rainha do cangaço: sua biografia”, escrita por João de Souza Lima e lançada em 2022, explora a vida de Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita). Baseada em pesquisa de campo e entrevistas, busca traçar o perfil de Maria desde a infância, abordando sua entrada no cangaço e relação com Lampião. Criticada por sua linguagem poética e falta de aprofundamento social, a biografia é elogiada pelo levantamento exaustivo de fontes e pela contribuição ao conhecimento histórico sobre o cangaço.

Palavras-chave: Maria Bonita, Maria Gomes de Oliveira, Cangaço.


Maria Bonita, a rainha do cangaço: sua biografia é livro escrito por João de Souza Lima, lançado em 2022 pela Editora Oxente. Trata-se de uma biografia histórica póstuma que se debruça sobre a vida e morte de Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita). Baseado em anos de pesquisa campal, entrevistas com familiares, militares e sertanejos contemporâneos da biografada, acervos documentais da igreja católica e de museus, tem por meta traçar um perfil da rainha do cangaço desde a sua infância, reportando questões familiares, as razões da sua entrada no cangaço, a sua vida bandoleira, a relação com Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) e o seu trágico fim. Tem prefácio do escritor Frederico Pernambucano de Mello que enaltece a abordagem do autor a sua perseverança na pesquisa de campo para seguir com um brilhante paralelo entre cangaceiros fora da lei e os primeiros colonizadores portugueses por aqui desembarcados. Estes últimos viviam a ignorar também as leis do império, mesmo sabendo que a repressão portuguesa era dura. Mello põe o fenômeno cangaço no mesmo palco histórico dos levantes indígenas, do quilombo, da revolta social e demais fenômenos sociais como temas ilustres da academia brasileira.

João de Souza Lima é pernambucano de São José do Egito, radicado em Paulo Afonso, Bahia, desde 1970. Como pesquisador do cangaço, galgou uma carreira de escritor autônomo, escrevendo mais de vinte livros. Dedicando-se por décadas ao tema do cangaço, Lima fez visitas ao povoado Malhada da Caiçara, hoje parte do município de Paulo Afonso, na Bahia, onde nasceu Maria Gomes. Lá realizou um sem número de entrevistas com sobrinhos netos, irmãos e conhecidos, contemporâneos do cangaço. Dessa interação, nasceu, inclusive, o projeto do museu “Casa de Maria Bonita”, que funciona na residência restaurada que abrigou a família da cangaceira.. O livro em questão possui 265 páginas e está dividido em 27 capítulos.

No capítulo primeiro, o autor busca uma descrição do cenário rústico no qual viveu o sertanejo contemporâneo ao cangaço, busca uma linguagem mais poética, uma visão um tanto romantizada da terra e do clima, tratado aqui como elemento central. Considerando as reduzidas dimensões de cada segmento do livro, analiso em bloco os capítulos  2, 4, 7, 8,12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 e 21 que se dedicam a descrever a personalidade da biografada, relatando fatos que mostram um caráter esculpido pela dureza do ambiente e das circunstâncias sociais. Iniciando pela descrição do povoado Malhada da Caiçara, onde viveu Maria Bonita e sua família até a sua entrada para o cangaço, o autor destaca o fato de ter sido ela a primeira mulher aceita em um grupo de cangaceiros após se apaixonar pelo líder supremo. Também descreve as relações entre os moradores, o mandonismo dos coronéis e o ambiente de tensão, prestes a explodir em violência física, passando pela vida bandoleira, lutas, rusgas, atitudes firmes, a relação com o marido e com os companheiros. O autor também se refere à atitude passiva da maior parte das mulheres do cangaço que não tomava posição nos combates com as volantes policiais, à construção de um mito em torno desta mulher sertaneja e, por fim, ao massacre da Grota do Angico, em 28 de julho de 1938.

O capítulo terceiro, é dedicado a demonstrar que Maria Gomes de Oliveira nasceu e viveu a maior parte da sua vida em Paulo Afonso-BA. Considero a introdução desse capítulo um preenchimento sintético, lugar comum em boa parte dos escritores do tema cangaço, visto que a temática aqui abordada, destoa do restante do texto..

Maria Bonita, mobiliário e panorama do Museu Casa de Maria Bonita (Paulo Afonso-BA) | Imagem: Turistando

No capítulo quinto, o autor problematiza o lugar das mulheres na ruína dos bandos. Argumenta que a mobilidade dos cangaceiros foi afetada com questões ligadas à fisiologia feminina, à maternidade, como a gravidez, o parto e a entrega das crianças para coiteiros e a própria desvantagem muscular das mulheres cangaceiras em relação aos homens, o que atrasava as marchas e fugas em momentos de extrema dificuldade.

No capítulo sexto, são tratados os acordos entre cangaceiros e coronéis, muito comuns em todo o Nordeste, que garantia proteção, munição e armamentos para os primeiros e proteção e salvo-conduto para os segundos e sua gente. Para ilustrar, cita o acordo feito entre Lampião e o Coronel João Miguel, mandatário da região fronteiriça da Bahia com Sergipe.

No sétimo capítulo, insere os relatos das ações violentas do segundo homem na hierarquia do cangaço, Corisco, que cometeu atrocidades nas imediações do povoamento onde nasceu Maria Bonita, o que levou a desentendimentos entre os dois valentes, visto que Lampião queria aquela área segura e para isso a paz e a segurança eram imprescindíveis. Esse capítulo segue a mesma lógica do capítulo 3, deslocando-se do objeto central da obra.

Os capítulos 10 e 11 também podem ser classificados como divergentes da temática central. Aqui, o autor reporta um batizado em região relativamente próximo ao povoado Malhada da Caiçara do qual participou Lampião e outros chefes de grupos. A festa acabou em correria e tiroteio devido à chegada da polícia. O capítulo também narra outro combate entre Lampião e um grupo policial no lugar denominado Vargem Grande. 

No capítulo 16, por fim, o autor reporta histórias de traições por parte de coiteiros e “paisanas”, como eram chamados os não combatentes que não faziam parte da rede de ajuda aos cangaceiros. São histórias de vingança, com requinte de crueldade, narradas em detalhe pelo autor, de modo apelativo. 

Este tom e a linguagem utilizada, como vemos, é um ponto negativo da obra. Outra deficiência é o excesso de romantização dos acontecimentos relatados pelos entrevistados. Essa romantização não se concretiza nos momentos em que o próprio autor, em primeira pessoa, discorre de forma perfunctória sobre as questões sociais que afligiam a região na época. Quanto ao contexto social, o leitor perceberá que falta à obra uma análise mais consistente da miséria e da ausência do Estado e suas implicações na vida do sertanejo e no fenômeno do cangaço.

Os pontos positivos da obra, por outro lado, residem no levantamento com fontes orais, documentais e na revisão de literatura. Foi uma tarefa que requereu anos de prospecção em viagens aos povoados onde residem os descendentes da Rainha do Cangaço. Nesse intento, foram entrevistados dois irmãos de Maria Gomes, primos, cunhados e conhecidos, contemporâneos ou filhos de pessoas que viveram o final dos anos 1920, marco temporal de sua decisão de acompanhar Virgulino Ferreira da Silva como sua esposa. O autor criou um vínculo tão forte com a comunidade que hoje é um quase membro entre os caboclos da Malhada da Caiçara e do Sítio do Tará.

No que tange ao objetivo central da obra, o autor cumpriu, então, parcialmente a tarefa de retratar a personalidade da biografada e de identificar as causas que a levaram ao cangaço. O livro é de grande valor para os estudiosos da História da região, principalmente porque as informações coletadas poderiam ser perdidas pela fluidez da memória. Elas acrescentaram muito sobre o que se sabia a respeito de Maria Bonita, conhecimento gerado por escritores de renome, como Antônio Amauri. Ao folhear o livro em questão, a sensação que o leitor tem é de vivenciar as ações e tragédias do cangaceirismo que assolou o Nordeste brasileiro por décadas, dada a envolvente narrativa do autor.

Sumário de A trajetória guerreira de Maria Bonita, a rainha do cangaço: sua biografia

  • O Chão ardente
  • Onde nasceu Maria
  • Cartas e documentos de compras de terrenos realizados pelo Cel. João Sá e familiares, transcritas conforme originais, pagando impostos de aquisição das terras da região onde nasceu Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita) ao município de Santo Antônio da Glória
  • A infância de Maria
  • Foi a mulher, a ruína do cangaço?
  • O acordo entre Lampião e o capitão João Miguel
  • O primeiro filho
  • Uma cicatriz por vingança
  • Corisco mancha o sítio do Tará
  • O batizado de Arlindo e a prisão de Ana
  • Combate na Vargem Grande
  • Maria na cidade de Bembom
  • Maria Bonita é baleada
  • Maria Bonita, Mané Neto Pereira e Padre Cícero
  • Maria Bonita motorista
  • Um mundo de Mentiras e de histórias criadas por oportunistas irresponsáveis
  • Maria Bonita salva Pedro Branco da morte e alimenta José Damasceno: Duas vidas que, no futuro, teriam ligações com a Rainha do Cangaço
  • Cadinho Machado: Baleado por Passarinho e socorrido por Maria Bonita
  • Maria Bonita no balanço da rede
  • Dadá e Maria Bonita
  • Maria Bonita adoece
  • Um caso polêmico
  • Quarta-feira sangrenta
  • O peso de uma coroa
  • Museu Casa de Maria Bonita, um espaço geográfico como patrimônio histórico e turístico
  • Maria Bonita, o cangaço que encanta, imortaliza e ecoa
  • Maria destino

Para ampliar a sua revisão da literatura


Resenhista

Moisés Santos Reis Amaral é mestre (UFS) e licenciado (AGES) em História e atua como professor de História na cidade de Fátima (PMF/BA). Entre outros trabalhos, publicou o “Manual didático do professor de História: História local e aprendizagem significativa” (2019). ID LATTES: http://lattes.cnpq.br/3969720442573966; ID ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5676-8762; E-mail: [email protected].

 


Para citar esta resenha

LIMA, João de Souza. Maria Bonita, a rainha do cangaço: sua biografia. Paulo Afonso: Oxente, 2022. 268p. Resenha de: AMARAL, Moisés Santos Reis. Mulher na luta. Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n.14, out./nov., 2023. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/mulher-na-luta-resenha-de-moises-santos-reis-amaral-sobre-o-livro-a-trajetoria-guerreira-de-maria-bonita-a-rainha-do-cangaco-sua-biografia-e-de-autoria-de-joao-de-souza-lima/>.


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n. 14, nov./dez., 2023 | ISSN 2764-2666

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João de Souza Lima | Imagem: Tribuna Mulungu

Resumo: A obra “Maria Bonita, a rainha do cangaço: sua biografia”, escrita por João de Souza Lima e lançada em 2022, explora a vida de Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita). Baseada em pesquisa de campo e entrevistas, busca traçar o perfil de Maria desde a infância, abordando sua entrada no cangaço e relação com Lampião. Criticada por sua linguagem poética e falta de aprofundamento social, a biografia é elogiada pelo levantamento exaustivo de fontes e pela contribuição ao conhecimento histórico sobre o cangaço.

Palavras-chave: Maria Bonita, Maria Gomes de Oliveira, Cangaço.


Maria Bonita, a rainha do cangaço: sua biografia é livro escrito por João de Souza Lima, lançado em 2022 pela Editora Oxente. Trata-se de uma biografia histórica póstuma que se debruça sobre a vida e morte de Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita). Baseado em anos de pesquisa campal, entrevistas com familiares, militares e sertanejos contemporâneos da biografada, acervos documentais da igreja católica e de museus, tem por meta traçar um perfil da rainha do cangaço desde a sua infância, reportando questões familiares, as razões da sua entrada no cangaço, a sua vida bandoleira, a relação com Virgulino Ferreira da Silva (Lampião) e o seu trágico fim. Tem prefácio do escritor Frederico Pernambucano de Mello que enaltece a abordagem do autor a sua perseverança na pesquisa de campo para seguir com um brilhante paralelo entre cangaceiros fora da lei e os primeiros colonizadores portugueses por aqui desembarcados. Estes últimos viviam a ignorar também as leis do império, mesmo sabendo que a repressão portuguesa era dura. Mello põe o fenômeno cangaço no mesmo palco histórico dos levantes indígenas, do quilombo, da revolta social e demais fenômenos sociais como temas ilustres da academia brasileira.

João de Souza Lima é pernambucano de São José do Egito, radicado em Paulo Afonso, Bahia, desde 1970. Como pesquisador do cangaço, galgou uma carreira de escritor autônomo, escrevendo mais de vinte livros. Dedicando-se por décadas ao tema do cangaço, Lima fez visitas ao povoado Malhada da Caiçara, hoje parte do município de Paulo Afonso, na Bahia, onde nasceu Maria Gomes. Lá realizou um sem número de entrevistas com sobrinhos netos, irmãos e conhecidos, contemporâneos do cangaço. Dessa interação, nasceu, inclusive, o projeto do museu “Casa de Maria Bonita”, que funciona na residência restaurada que abrigou a família da cangaceira.. O livro em questão possui 265 páginas e está dividido em 27 capítulos.

No capítulo primeiro, o autor busca uma descrição do cenário rústico no qual viveu o sertanejo contemporâneo ao cangaço, busca uma linguagem mais poética, uma visão um tanto romantizada da terra e do clima, tratado aqui como elemento central. Considerando as reduzidas dimensões de cada segmento do livro, analiso em bloco os capítulos  2, 4, 7, 8,12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 e 21 que se dedicam a descrever a personalidade da biografada, relatando fatos que mostram um caráter esculpido pela dureza do ambiente e das circunstâncias sociais. Iniciando pela descrição do povoado Malhada da Caiçara, onde viveu Maria Bonita e sua família até a sua entrada para o cangaço, o autor destaca o fato de ter sido ela a primeira mulher aceita em um grupo de cangaceiros após se apaixonar pelo líder supremo. Também descreve as relações entre os moradores, o mandonismo dos coronéis e o ambiente de tensão, prestes a explodir em violência física, passando pela vida bandoleira, lutas, rusgas, atitudes firmes, a relação com o marido e com os companheiros. O autor também se refere à atitude passiva da maior parte das mulheres do cangaço que não tomava posição nos combates com as volantes policiais, à construção de um mito em torno desta mulher sertaneja e, por fim, ao massacre da Grota do Angico, em 28 de julho de 1938.

O capítulo terceiro, é dedicado a demonstrar que Maria Gomes de Oliveira nasceu e viveu a maior parte da sua vida em Paulo Afonso-BA. Considero a introdução desse capítulo um preenchimento sintético, lugar comum em boa parte dos escritores do tema cangaço, visto que a temática aqui abordada, destoa do restante do texto..

Maria Bonita, mobiliário e panorama do Museu Casa de Maria Bonita (Paulo Afonso-BA) | Imagem: Turistando

No capítulo quinto, o autor problematiza o lugar das mulheres na ruína dos bandos. Argumenta que a mobilidade dos cangaceiros foi afetada com questões ligadas à fisiologia feminina, à maternidade, como a gravidez, o parto e a entrega das crianças para coiteiros e a própria desvantagem muscular das mulheres cangaceiras em relação aos homens, o que atrasava as marchas e fugas em momentos de extrema dificuldade.

No capítulo sexto, são tratados os acordos entre cangaceiros e coronéis, muito comuns em todo o Nordeste, que garantia proteção, munição e armamentos para os primeiros e proteção e salvo-conduto para os segundos e sua gente. Para ilustrar, cita o acordo feito entre Lampião e o Coronel João Miguel, mandatário da região fronteiriça da Bahia com Sergipe.

No sétimo capítulo, insere os relatos das ações violentas do segundo homem na hierarquia do cangaço, Corisco, que cometeu atrocidades nas imediações do povoamento onde nasceu Maria Bonita, o que levou a desentendimentos entre os dois valentes, visto que Lampião queria aquela área segura e para isso a paz e a segurança eram imprescindíveis. Esse capítulo segue a mesma lógica do capítulo 3, deslocando-se do objeto central da obra.

Os capítulos 10 e 11 também podem ser classificados como divergentes da temática central. Aqui, o autor reporta um batizado em região relativamente próximo ao povoado Malhada da Caiçara do qual participou Lampião e outros chefes de grupos. A festa acabou em correria e tiroteio devido à chegada da polícia. O capítulo também narra outro combate entre Lampião e um grupo policial no lugar denominado Vargem Grande. 

No capítulo 16, por fim, o autor reporta histórias de traições por parte de coiteiros e “paisanas”, como eram chamados os não combatentes que não faziam parte da rede de ajuda aos cangaceiros. São histórias de vingança, com requinte de crueldade, narradas em detalhe pelo autor, de modo apelativo. 

Este tom e a linguagem utilizada, como vemos, é um ponto negativo da obra. Outra deficiência é o excesso de romantização dos acontecimentos relatados pelos entrevistados. Essa romantização não se concretiza nos momentos em que o próprio autor, em primeira pessoa, discorre de forma perfunctória sobre as questões sociais que afligiam a região na época. Quanto ao contexto social, o leitor perceberá que falta à obra uma análise mais consistente da miséria e da ausência do Estado e suas implicações na vida do sertanejo e no fenômeno do cangaço.

Os pontos positivos da obra, por outro lado, residem no levantamento com fontes orais, documentais e na revisão de literatura. Foi uma tarefa que requereu anos de prospecção em viagens aos povoados onde residem os descendentes da Rainha do Cangaço. Nesse intento, foram entrevistados dois irmãos de Maria Gomes, primos, cunhados e conhecidos, contemporâneos ou filhos de pessoas que viveram o final dos anos 1920, marco temporal de sua decisão de acompanhar Virgulino Ferreira da Silva como sua esposa. O autor criou um vínculo tão forte com a comunidade que hoje é um quase membro entre os caboclos da Malhada da Caiçara e do Sítio do Tará.

No que tange ao objetivo central da obra, o autor cumpriu, então, parcialmente a tarefa de retratar a personalidade da biografada e de identificar as causas que a levaram ao cangaço. O livro é de grande valor para os estudiosos da História da região, principalmente porque as informações coletadas poderiam ser perdidas pela fluidez da memória. Elas acrescentaram muito sobre o que se sabia a respeito de Maria Bonita, conhecimento gerado por escritores de renome, como Antônio Amauri. Ao folhear o livro em questão, a sensação que o leitor tem é de vivenciar as ações e tragédias do cangaceirismo que assolou o Nordeste brasileiro por décadas, dada a envolvente narrativa do autor.

Sumário de A trajetória guerreira de Maria Bonita, a rainha do cangaço: sua biografia

  • O Chão ardente
  • Onde nasceu Maria
  • Cartas e documentos de compras de terrenos realizados pelo Cel. João Sá e familiares, transcritas conforme originais, pagando impostos de aquisição das terras da região onde nasceu Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita) ao município de Santo Antônio da Glória
  • A infância de Maria
  • Foi a mulher, a ruína do cangaço?
  • O acordo entre Lampião e o capitão João Miguel
  • O primeiro filho
  • Uma cicatriz por vingança
  • Corisco mancha o sítio do Tará
  • O batizado de Arlindo e a prisão de Ana
  • Combate na Vargem Grande
  • Maria na cidade de Bembom
  • Maria Bonita é baleada
  • Maria Bonita, Mané Neto Pereira e Padre Cícero
  • Maria Bonita motorista
  • Um mundo de Mentiras e de histórias criadas por oportunistas irresponsáveis
  • Maria Bonita salva Pedro Branco da morte e alimenta José Damasceno: Duas vidas que, no futuro, teriam ligações com a Rainha do Cangaço
  • Cadinho Machado: Baleado por Passarinho e socorrido por Maria Bonita
  • Maria Bonita no balanço da rede
  • Dadá e Maria Bonita
  • Maria Bonita adoece
  • Um caso polêmico
  • Quarta-feira sangrenta
  • O peso de uma coroa
  • Museu Casa de Maria Bonita, um espaço geográfico como patrimônio histórico e turístico
  • Maria Bonita, o cangaço que encanta, imortaliza e ecoa
  • Maria destino

Para ampliar a sua revisão da literatura


Resenhista

Moisés Santos Reis Amaral é mestre (UFS) e licenciado (AGES) em História e atua como professor de História na cidade de Fátima (PMF/BA). Entre outros trabalhos, publicou o “Manual didático do professor de História: História local e aprendizagem significativa” (2019). ID LATTES: http://lattes.cnpq.br/3969720442573966; ID ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5676-8762; E-mail: [email protected].

 


Para citar esta resenha

LIMA, João de Souza. Maria Bonita, a rainha do cangaço: sua biografia. Paulo Afonso: Oxente, 2022. 268p. Resenha de: AMARAL, Moisés Santos Reis. Mulher na luta. Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n.14, out./nov., 2023. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/mulher-na-luta-resenha-de-moises-santos-reis-amaral-sobre-o-livro-a-trajetoria-guerreira-de-maria-bonita-a-rainha-do-cangaco-sua-biografia-e-de-autoria-de-joao-de-souza-lima/>.


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n. 14, nov./dez., 2023 | ISSN 2764-2666

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