Potencialidades da fala — Resenha de Giliardo Lima de Oliveira (PPGEAFIN/UNEB) sobre o livro “História Oral: Diálogos com a obra de Alessandro Portelli no Brasil”, organizado por Telma Bessa Sales e Jeferson Lins de Freitas

Alessandro Portelli na Universidade de Winnipeg, 2015 | Foto: Kimberley Moore

Resumo: História Oral: Diálogos com a obra de Alessandro Portelli no Brasil, editado por Telma Bessa Sales e Antonio Jeferson Lins de Freitas em 2021, explora a metodologia da história oral. Publicado digitalmente pela SertãoCult, enfatiza narrativas marginalizadas, homenageando Portelli. Indispensável para quem pesquisa história oral no Brasil.

Palavras-chave: História Oral, Entrevista, Alessandro Portelli.


Em formato e-book, História Oral: diálogos com a obra de Alessandro Portelli no Brasil, é organizado pela professora Telma Bessa Sales em parceria com Antonio Jeferson Lins de Freitas e foi publicado em 2021, pela editora SertãoCult, em plena crise sanitária global causada pela pandemia do COVID 19 e em meio às restrições ocasionadas pelo isolamento social. Esse fato que potencializou a escolha do formato digital para a obra, disponibilizada gratuitamente em PDF na página da própria editora. A obra teve seu lançamento realizado por meio de um evento no canal da SertãoCult no Youtube, contando com a participação dos organizadores, além da professora Yara Aun Khoury e do pesquisador italiano Alessandro Portelli. A publicação tem por objetivo divulgar a metodologia da história oral para enaltecer a existência do grupo de história oral da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e, além disso, homenagear o ilustre professor Alessandro Portelli. Como o próprio título sugere, a coletânea de artigos dialoga com a metodologia da história oral, característica tão marcante da obra do pesquisador homenageado.

A organizadora do livro, Telma Bessa Sales, é graduada em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997), com mestrado (2000) e doutorado (2006) em História pela mesma instituição e pós-doutorado na Universidade de Évora — Portugal (2015). Fez estágio na Universidade La Sapienza (Roma) sob orientação do professor Alessandro Portelli é professora do curso de História da UVA, desde 2011, onde lidera do Grupo de Pesquisa de História Oral. Seu parceiro nesta publicação, Antonio Jerfson Lins de Freitas, é graduado em História pela Universidade Estadual do Ceará (2004). Possui especialização em Docência do Ensino Superior e é mestre em Geografia pela UVA (2019). Está vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas de História Oral do curso de História da UVA e coordena o conselho editorial da Editora SertãoCult. O livro apresenta um apanhado de onze trabalhos de pesquisa em história oral, escritos por jovens e experientes pesquisadores da temática, distribuídos ao longo de 268 páginas que evidenciam algumas contribuições do renomado pesquisador italiano para tal metodologia de pesquisa ao incorporarem seus conceitos e abordagens. O prefácio é do próprio Portelli, traduzido por Manoela Amato. Além disso, há dados sobre os organizadores, a apresentação da obra e o sumário. Não seção de referências bibliográficas, que são disponibilizadas ao final de cada artigo.

O texto introdutório, de Yara Aun Khoury, importante pesquisadora da história oral da PUC-SP, retrata a situação sociopolítica do Brasil naquele momento, a relevância dos escritos de Alessandro Portelli e o uso desta metodologia. Trata-se de ferramenta com potencial para combater narrativas únicas e homogêneas da realidade, frequentemente consideradas como verdadeiras e disseminadas pelos sectários do então presidente da República à época. Khoury enfatiza promoção do diálogo entre diferentes vozes e perspectivas, acolhendo a diversidade e questionando as visões dominantes que tendem a simplificar e domesticar a compreensão da realidade. Ela destaca a necessidade de desafiar as perspectivas reducionistas e buscar uma compreensão mais ampla e crítica dos eventos históricos. Nessa perspectiva, a autora estabelece uma conexão significativa com a obra de Portelli ao afirmar que é por meio do diálogo que buscamos compreender e interpretar as narrativas, respeitando as diferenças e reconhecendo o ponto de vista dos nossos interlocutores. Desse modo, ressalta a importância de considerar cada pessoa com respeito, valorizando sua singularidade em relação às demais. Khoury destaca ainda que, embora possamos ter status, estudo e conhecimento, no contexto do diálogo, são os entrevistados que detêm as informações e as compartilham conosco. Essa abordagem valoriza a escuta ativa e a troca de conhecimentos, proporcionando um espaço onde as vozes dos entrevistados ganham destaque e relevância.

Nesse contexto, a história oral apresenta um caráter útil, pois possibilita que vozes anteriormente negligenciadas pela narrativa histórica oficial ganhem relevância e visibilidade. Essa abordagem permite que grupos e indivíduos marginalizados ou silenciados nas narrativas históricas tradicionais e oficiais tenham suas histórias contadas e suas experiências reconhecidas. Dessa forma, a metodologia em destaque desempenha um papel fundamental na ampliação da diversidade histórica e na construção de uma compreensão abrangente e inclusiva do passado. Ao possibilitar que as narrativas daqueles silenciados sejam ouvidas, o pesquisador que adota a abordagem da história oral desempenha o papel revolucionário de legitimar discursos que estavam fadados ao esquecimento.

O estabelecimento de uma relação dialógica com a obra de Portelli é uma característica que perpassa todo o livro. Ao longo dos onze capítulos, é possível observar como os pesquisadores incorporam e se relacionam com os conceitos e abordagens propostos por Portelli. Essa dialogicidade com a obra do pesquisador italiano enriquece a coletânea e proporciona uma reflexão crítica e aprofundada sobre a metodologia em estudo. Além disso, a linguagem empregada nos textos é de fácil compreensão, algo que favorece o entendimento dos conceitos, inclusive para leitores iniciantes ou que não tem muita proximidade com a metodologia abordada.

Ao reunir diferentes perspectivas e abordagens, a coletânea expõe uma visão abrangente da história oral no contexto brasileiro. No entanto, apesar de o título sugerir uma dialogicidade com a obra de Portelli no Brasil, a maioria dos artigos tem como foco o estado do Ceará, com destaque para a região de Sobral onde está situada a UVA, apresentando poucos trabalhos de pesquisa realizados em outros estados da federação, uma limitação em relação à representatividade geográfica da obra. Tal constatação, entretanto, não interfere na qualidade dos escritos, pois, os textos exploram as potencialidades e desafios da metodologia em questão, destacando sua importância para resgatar narrativas subalternizadas e ampliar o entendimento da história.

A coletânea em análise apresenta uma série de aspectos positivos que a potencializa como uma contribuição significativa para o campo da história oral. Um deles é a diversidade temática dos textos que abordam religiosidade, conflitos e violência entre classes sociais, história de vida de uma doceira do interior do Ceará, luta pela terra, memórias de idosos e de artesão sapateiros, resistência indígena em Tremembé/CE, entre outros.

Terras indígenas Tremembé da Barra do Mundaú, no Ceará, têm demarcação homologada | Foto: Cetra/Reprodução/G1-CE

Tal variedade demonstra as possibilidades de aplicação da história oral como metodologia de pesquisa em contextos diversos. O destaque ao uso de entrevistas como um elemento central nas investigações potencializa o papel da história oral ao dar voz a grupos marginalizados e silenciados. Outro ponto positivo é a disponibilização do texto gratuitamente, pois, ao facilitar o acesso os organizadores possibilitam que outros pesquisadores, estudantes e demais interessados tenham contato com o conteúdo da obra, aumentado assim a possibilidade de propagação do material.

No geral, História Oral: Diálogos com a obra de Alessandro Portelli no Brasil é uma antologia valiosa que reúne pesquisas significativas no campo da história oral. A variedade temática dos textos e a ênfase na entrevista como ferramenta de pesquisa potencializam a metodologia analisada. A escolha de trabalhos escritos por colaboradores do Grupo de Estudo em História Oral da UVA corrobora com a intenção dos organizadores em notabilizar a existência do referido grupo. Além disso, a relação estabelecida com a obra de Portelli acrescenta um elemento de reflexão crítica, contribuindo para o avanço e a consolidação da história oral como campo de estudo no Brasil. Por tais motivos, a coletânea cumpre bem o seu papel e é ideal para estudantes de cursos de graduação e pós-graduação e, em especial, para pesquisadores que usam ou pretendem lançar mão da metodologia em história oral em suas pesquisas.

Sumário de História Oral: diálogos com a obra de Alessandro Portelli no Brasil

  • Prefazione di Alessandro Portelli
  • Prefácio de Alessandro Portelli
  • Apresentação
  • 1. O diálogo na construção de solidariedades na luta por democracia
  • 2. A História Oral “e toda essa engenharia de trocar pneu com o carro andando”, segundo nos conta profa. Ada Pimentel
  • 3. Vozes dissonantes e as cantatas do que aprendi com Alessandro Portelli e a História Oral
  • 4. “As mulheres, em ciranda, iam na frente e, se precisasse, os homens iam atrás”: memórias de camponeses e camponesas do movimento do dia do senhor sobre a luta pela terra de Nicolau, em Trairi — CE
  • 5. História Oral e narrativas
  • 6. O inferno das memórias: narrativas orais de idosos católicos do Cariri/CE
  • 7. Não há piores ou melhores: a violência, o preconceito e o medo entre vizinhos de uma mesma cidade
  • 8. “Eu sou feliz, me sinto muito feliz […]” uma máquina do tempo que é a História Oral
  • 9. Um pedaço das memórias das oficinas de sapataria de Sobral-CE
  • 10. Narradores e a perspectiva do lugar: reflexões teórico-metodológicas da História Oral como fonte para entender como falamos sobre o espaço geográfico
  • 11. Percepções da mata e praia à universidade: um roteiro em dois atos da resistência Tremembé no noroeste do Ceará

Para ampliar a sua revisão da literatura


Resenhista

Giliardo Lima de Oliveira é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Estudos Africanos, Povos Indígenas e Culturas Negras (PPGEAFIN) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus XVI — Irecê/BA (2023). ID LATTES: https://lattes.cnpq.br/6619417561691853; ID ORCID: E-mail: [email protected].

 

 


Para citar esta resenha

SALES, Telma Bessa; FREITAS, Antonio Jerfson Lins de (Orgs.). História Oral: diálogos com a obra de Alessandro Portelli no Brasil. Sobral: SertãoCult, 2021. 268p. Troca de olhares. Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n.16, mar./abr., 2024. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/troca-de-olhares-resenha-de-francielle-novaes-dourado-ppgeafin-uneb-sobre-o-livro-historia-oral-como-arte-de-escuta-de-alessandro-portelli/>.

 


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n. 16, mar./abr., 2023 | ISSN 2764-2666

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Potencialidades da fala — Resenha de Giliardo Lima de Oliveira (PPGEAFIN/UNEB) sobre o livro “História Oral: Diálogos com a obra de Alessandro Portelli no Brasil”, organizado por Telma Bessa Sales e Jeferson Lins de Freitas

Alessandro Portelli na Universidade de Winnipeg, 2015 | Foto: Kimberley Moore

Resumo: História Oral: Diálogos com a obra de Alessandro Portelli no Brasil, editado por Telma Bessa Sales e Antonio Jeferson Lins de Freitas em 2021, explora a metodologia da história oral. Publicado digitalmente pela SertãoCult, enfatiza narrativas marginalizadas, homenageando Portelli. Indispensável para quem pesquisa história oral no Brasil.

Palavras-chave: História Oral, Entrevista, Alessandro Portelli.


Em formato e-book, História Oral: diálogos com a obra de Alessandro Portelli no Brasil, é organizado pela professora Telma Bessa Sales em parceria com Antonio Jeferson Lins de Freitas e foi publicado em 2021, pela editora SertãoCult, em plena crise sanitária global causada pela pandemia do COVID 19 e em meio às restrições ocasionadas pelo isolamento social. Esse fato que potencializou a escolha do formato digital para a obra, disponibilizada gratuitamente em PDF na página da própria editora. A obra teve seu lançamento realizado por meio de um evento no canal da SertãoCult no Youtube, contando com a participação dos organizadores, além da professora Yara Aun Khoury e do pesquisador italiano Alessandro Portelli. A publicação tem por objetivo divulgar a metodologia da história oral para enaltecer a existência do grupo de história oral da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e, além disso, homenagear o ilustre professor Alessandro Portelli. Como o próprio título sugere, a coletânea de artigos dialoga com a metodologia da história oral, característica tão marcante da obra do pesquisador homenageado.

A organizadora do livro, Telma Bessa Sales, é graduada em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997), com mestrado (2000) e doutorado (2006) em História pela mesma instituição e pós-doutorado na Universidade de Évora — Portugal (2015). Fez estágio na Universidade La Sapienza (Roma) sob orientação do professor Alessandro Portelli é professora do curso de História da UVA, desde 2011, onde lidera do Grupo de Pesquisa de História Oral. Seu parceiro nesta publicação, Antonio Jerfson Lins de Freitas, é graduado em História pela Universidade Estadual do Ceará (2004). Possui especialização em Docência do Ensino Superior e é mestre em Geografia pela UVA (2019). Está vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas de História Oral do curso de História da UVA e coordena o conselho editorial da Editora SertãoCult. O livro apresenta um apanhado de onze trabalhos de pesquisa em história oral, escritos por jovens e experientes pesquisadores da temática, distribuídos ao longo de 268 páginas que evidenciam algumas contribuições do renomado pesquisador italiano para tal metodologia de pesquisa ao incorporarem seus conceitos e abordagens. O prefácio é do próprio Portelli, traduzido por Manoela Amato. Além disso, há dados sobre os organizadores, a apresentação da obra e o sumário. Não seção de referências bibliográficas, que são disponibilizadas ao final de cada artigo.

O texto introdutório, de Yara Aun Khoury, importante pesquisadora da história oral da PUC-SP, retrata a situação sociopolítica do Brasil naquele momento, a relevância dos escritos de Alessandro Portelli e o uso desta metodologia. Trata-se de ferramenta com potencial para combater narrativas únicas e homogêneas da realidade, frequentemente consideradas como verdadeiras e disseminadas pelos sectários do então presidente da República à época. Khoury enfatiza promoção do diálogo entre diferentes vozes e perspectivas, acolhendo a diversidade e questionando as visões dominantes que tendem a simplificar e domesticar a compreensão da realidade. Ela destaca a necessidade de desafiar as perspectivas reducionistas e buscar uma compreensão mais ampla e crítica dos eventos históricos. Nessa perspectiva, a autora estabelece uma conexão significativa com a obra de Portelli ao afirmar que é por meio do diálogo que buscamos compreender e interpretar as narrativas, respeitando as diferenças e reconhecendo o ponto de vista dos nossos interlocutores. Desse modo, ressalta a importância de considerar cada pessoa com respeito, valorizando sua singularidade em relação às demais. Khoury destaca ainda que, embora possamos ter status, estudo e conhecimento, no contexto do diálogo, são os entrevistados que detêm as informações e as compartilham conosco. Essa abordagem valoriza a escuta ativa e a troca de conhecimentos, proporcionando um espaço onde as vozes dos entrevistados ganham destaque e relevância.

Nesse contexto, a história oral apresenta um caráter útil, pois possibilita que vozes anteriormente negligenciadas pela narrativa histórica oficial ganhem relevância e visibilidade. Essa abordagem permite que grupos e indivíduos marginalizados ou silenciados nas narrativas históricas tradicionais e oficiais tenham suas histórias contadas e suas experiências reconhecidas. Dessa forma, a metodologia em destaque desempenha um papel fundamental na ampliação da diversidade histórica e na construção de uma compreensão abrangente e inclusiva do passado. Ao possibilitar que as narrativas daqueles silenciados sejam ouvidas, o pesquisador que adota a abordagem da história oral desempenha o papel revolucionário de legitimar discursos que estavam fadados ao esquecimento.

O estabelecimento de uma relação dialógica com a obra de Portelli é uma característica que perpassa todo o livro. Ao longo dos onze capítulos, é possível observar como os pesquisadores incorporam e se relacionam com os conceitos e abordagens propostos por Portelli. Essa dialogicidade com a obra do pesquisador italiano enriquece a coletânea e proporciona uma reflexão crítica e aprofundada sobre a metodologia em estudo. Além disso, a linguagem empregada nos textos é de fácil compreensão, algo que favorece o entendimento dos conceitos, inclusive para leitores iniciantes ou que não tem muita proximidade com a metodologia abordada.

Ao reunir diferentes perspectivas e abordagens, a coletânea expõe uma visão abrangente da história oral no contexto brasileiro. No entanto, apesar de o título sugerir uma dialogicidade com a obra de Portelli no Brasil, a maioria dos artigos tem como foco o estado do Ceará, com destaque para a região de Sobral onde está situada a UVA, apresentando poucos trabalhos de pesquisa realizados em outros estados da federação, uma limitação em relação à representatividade geográfica da obra. Tal constatação, entretanto, não interfere na qualidade dos escritos, pois, os textos exploram as potencialidades e desafios da metodologia em questão, destacando sua importância para resgatar narrativas subalternizadas e ampliar o entendimento da história.

A coletânea em análise apresenta uma série de aspectos positivos que a potencializa como uma contribuição significativa para o campo da história oral. Um deles é a diversidade temática dos textos que abordam religiosidade, conflitos e violência entre classes sociais, história de vida de uma doceira do interior do Ceará, luta pela terra, memórias de idosos e de artesão sapateiros, resistência indígena em Tremembé/CE, entre outros.

Terras indígenas Tremembé da Barra do Mundaú, no Ceará, têm demarcação homologada | Foto: Cetra/Reprodução/G1-CE

Tal variedade demonstra as possibilidades de aplicação da história oral como metodologia de pesquisa em contextos diversos. O destaque ao uso de entrevistas como um elemento central nas investigações potencializa o papel da história oral ao dar voz a grupos marginalizados e silenciados. Outro ponto positivo é a disponibilização do texto gratuitamente, pois, ao facilitar o acesso os organizadores possibilitam que outros pesquisadores, estudantes e demais interessados tenham contato com o conteúdo da obra, aumentado assim a possibilidade de propagação do material.

No geral, História Oral: Diálogos com a obra de Alessandro Portelli no Brasil é uma antologia valiosa que reúne pesquisas significativas no campo da história oral. A variedade temática dos textos e a ênfase na entrevista como ferramenta de pesquisa potencializam a metodologia analisada. A escolha de trabalhos escritos por colaboradores do Grupo de Estudo em História Oral da UVA corrobora com a intenção dos organizadores em notabilizar a existência do referido grupo. Além disso, a relação estabelecida com a obra de Portelli acrescenta um elemento de reflexão crítica, contribuindo para o avanço e a consolidação da história oral como campo de estudo no Brasil. Por tais motivos, a coletânea cumpre bem o seu papel e é ideal para estudantes de cursos de graduação e pós-graduação e, em especial, para pesquisadores que usam ou pretendem lançar mão da metodologia em história oral em suas pesquisas.

Sumário de História Oral: diálogos com a obra de Alessandro Portelli no Brasil

  • Prefazione di Alessandro Portelli
  • Prefácio de Alessandro Portelli
  • Apresentação
  • 1. O diálogo na construção de solidariedades na luta por democracia
  • 2. A História Oral “e toda essa engenharia de trocar pneu com o carro andando”, segundo nos conta profa. Ada Pimentel
  • 3. Vozes dissonantes e as cantatas do que aprendi com Alessandro Portelli e a História Oral
  • 4. “As mulheres, em ciranda, iam na frente e, se precisasse, os homens iam atrás”: memórias de camponeses e camponesas do movimento do dia do senhor sobre a luta pela terra de Nicolau, em Trairi — CE
  • 5. História Oral e narrativas
  • 6. O inferno das memórias: narrativas orais de idosos católicos do Cariri/CE
  • 7. Não há piores ou melhores: a violência, o preconceito e o medo entre vizinhos de uma mesma cidade
  • 8. “Eu sou feliz, me sinto muito feliz […]” uma máquina do tempo que é a História Oral
  • 9. Um pedaço das memórias das oficinas de sapataria de Sobral-CE
  • 10. Narradores e a perspectiva do lugar: reflexões teórico-metodológicas da História Oral como fonte para entender como falamos sobre o espaço geográfico
  • 11. Percepções da mata e praia à universidade: um roteiro em dois atos da resistência Tremembé no noroeste do Ceará

Para ampliar a sua revisão da literatura


Resenhista

Giliardo Lima de Oliveira é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Estudos Africanos, Povos Indígenas e Culturas Negras (PPGEAFIN) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus XVI — Irecê/BA (2023). ID LATTES: https://lattes.cnpq.br/6619417561691853; ID ORCID: E-mail: [email protected].

 

 


Para citar esta resenha

SALES, Telma Bessa; FREITAS, Antonio Jerfson Lins de (Orgs.). História Oral: diálogos com a obra de Alessandro Portelli no Brasil. Sobral: SertãoCult, 2021. 268p. Troca de olhares. Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n.16, mar./abr., 2024. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/troca-de-olhares-resenha-de-francielle-novaes-dourado-ppgeafin-uneb-sobre-o-livro-historia-oral-como-arte-de-escuta-de-alessandro-portelli/>.

 


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n. 16, mar./abr., 2023 | ISSN 2764-2666

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